terça-feira, 19 de maio de 2009

Imprensa marron cocô!



Carta publicada no "Painel do Leitor" da "Folha de São Paulo" por um leitor indignado com o derespeito do mesmo jornal à ministra Dilma Rousseff.
Reproduzido originalmente em Náufrago da Utopia:

"A foto da ministra Dilma Rousseff com as duas mãos na cabeça, com expressão apreensiva e, de acordo com a Folha, segurando a peruca, informa? Explica os fatos?

Alguns homens públicos, quando se submetem às sessões de quimioterapia, raspam os cabelos. O governador Mário Covas, ao aparecer em público com os cabelos raspados, nunca teve em destaque esse fato, tampouco sofreu constrangimento no seu processo de doença.

Por razões culturais, para as mulheres, a representação simbólica da perda dos cabelos é diferente. A Folha e os profissionais de imprensa precisam ficar atentos a essas diferenças de gênero. Caso contrário, como acontece com a foto publicada na Folha, vão cometer atos profundamente desrespeitosos.

A mulher e a política Dilma Rousseff, no tratamento do câncer, devem ser tratadas com respeito e solidariedade. A delicadeza é uma dimensão da ética e precisa orientar o exercício do jornalismo."

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Mais um ponto para Lula


Unesco oferece prêmio a Lula

(chupado de Projeto Pig 2010)

A Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (Unesco) concedeu ao presidente Luis Inácio Lula da Silva o Prêmio de Fomento da Paz Félix Houphouët-Boigny 2008, informou o organismo nesta quarta-feira



O júri do prêmio escolheu o presidente brasileiro "por seu trabalho em prol da paz, do diálogo, da democracia, da justiça social e da igualdade de direitos, assim como por sua inestimável contribuição para a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos da minoria", declarou o ex presidente de Portugal, Mario Soares.



A cerimônia de entrega do prêmio acontecerá em junho.



Criado em 1989 e outorgado anualmente pela Unesco, o Prêmio de Fomento da Paz Félix Houphouët-Boigny tem como objeto homenagear pessoas, instituições e organizações que contribuíram significativamente para fomentar, buscar, proteger e manter a paz, levando em conta os princípios da Carta das Nações Unidas e a Constituição da Unesco.



O prêmio já foi entregue a líderes como Nelson Mandela, Yitzhak Rabin, Shimon Peres, Yasser Arafat, Jimmy Carter e o rei Juan Carlos I da Espanha.

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Fonte: Amigos do Presidente Lula

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"Nós tudo hoje é cidadão". Será?



13 de maio de 2009 - 121 anos de liberdade (?)

Mais de um século se passou após a promulgação da "Lei da Princesa", aquela que separou o "tempo do cativeiro" do "tempo da liberdade".
Mas será que muita coisa mudou daqueles tempos pra cá? Talvez sim, talvez não...
Vejamos: naquele tempo, quando o escravo resistia, seja em forma de fuga ou em forma de rebeldia, ele era capturado e, geralmente, punido com açoite. Hoje, quando o trabalhador (vamos chamar de trabalhador todo o conjunto de pobres esteja ele efetivamente empregado, subempregado, desempregado ou marginalizado) "resiste" ao sistema, ele é perseguido, discriminado, punido, preso ou simplesmente assassinado.
Espera-se dele gratidão, subserviência e humildade perante aos "bondosos" patrões, assim como se esperava submissão e obediência e gratidão do escravo pela "generosidade" dos senhores.

"Fui ver pretos na cidade
Que quisessem se alugar
Falei com essa humildade,
Negros, querem trabalhar?
Olharam-me de soslaio
e um deles, feio, cambaio
Respondeu-me arfando o peito:
- Negro não há mais não
Nós tudo é cidadão
o branco que vá pro eito".

Estes versos refletem as expectativas da sociedade quanto ao comportamento dos libertos após o 13 de maio. Esperava-se deles (feios e cambaios) a continuidade de seu estatudo anterior, ou seja, que mermanecessem escravos, submissos e obedientes.
Também traduz o mito criado a respeito dos ex-cativos e do negro em geral: insolentes e preguiçosos.
Trata-se, evidentemente, de um mito racista e preconceituoso para o qual as novas pesquisas historiográficas apontam outros caminhos e respostas, demonstrando a luta dos ex-escravos e seus descendentes para se afirmarem no mercado de trabalho e na sociedade.
No entanto, os versos também apontam para uma tomada de consciência: "Nós tudo é cidadão". Será?

Olho por olho, dente por dente


Outro dia, como sempre por curiosidade, parei defronte a uma banca de jornal para ler as manchetes do dia e ficar "antenado".

Como era uma banca que não se localizava na zona sul ou numa parte mais sofisticada da cidade, os tablóides que estavam expostos eram aqueles mais vagabundos e sensacionalistas, os chamados "jornais de sessenta centavos".

Pois bem, no primeiro tablóide lia-se: "Marido joga mulher e filho de carro em alta velocidade na rodovia" (ou algo parecido).

Logo abaixo tinha outro que estampava em letras garrafais: "Babá-monstro cola olhos e boca de bebê com super-bonder".

Como eu não procurava este tipo de informação em bancas de jornais, comecei a procurar manchetes mais "sérias" que tratassem de economia, política, cultura ou coisa que o valha.

Nesse momento, ouvi uma voz ao meu lado dizendo: "Olha só! Boa coisa ele não estava fazendo, não é mesmo?" Virei-me na direção da voz e vi que era um senhor que dirigia-se a mim.

Como tinha várias manchetes a nossa frente, perguntei-lhe: "A que o senhor está se referindo?". Ele, então, apontou para um terceiro jornaleco, onde se lia: " Gari encontra filho adolescente morto na lixeira".

Senti uma indignação profunda e respondi murmurando entre os dentes: " Não sei o que ele fez, como vou saber?!"

Saí imediatamente de perto para não me indispor com o velho. Porém me veio uma vontade de dizer a ele que a mulher e a criança jogadas do carro em alta velocidade e o bebê que teve olhos e boca selados por cola também deveriam ter feito algo errado para merecerem tamanho castigo.

A nossa sociedade tem sempre uma explicação para um ato violento comentido contra uma criança pobre e marginalizada. Quando elas são assassinadas a primeira coisa que passa na cabeça das pessoas é de que aquilo não se trata de crime, mas de justiça!

Vivemos numa sociedade então a qual se diz cristã mas que em vez de seguir os ensinamentos de Jesus Cristo ("Vinde a mim as criancinhas"; "Amai-vou uns aos outros"; "Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra"), prefere praticar os preceitos de Moisés (Olho por olho, dente por dente? Infelizmente a resposta parece ser SIM...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Solidariedade forçada


Hoje pela manhã, como sempre, ao passar pelas bancas de jornais, deparo-me com as manchetes espetaculares dos nossos periódicos.
Em meio às manchetes sobre violência há sempre as últimas novidades a respeito dos famosos. A gente, mesmo não querendo, é obrigado a ler, pois os títulos são em letras "garrafais" e podem ser lidos de longe.
Pois bem, a última novidade é o sofrimento da cantora de pop-axé Cláudia Leite com a doença de seu rebento. A primeira coisa que me passou pela cabeça ao ler a notícia ("Bebê de Cláudia Leite está com meningite" [ou algo parecido])foi: "Kiko?" (O kiko tenho haver com isso?). Porém, como eu sou cínico mas não desumano, na mesma hora me veio uma tristesa ao saber que mais uma criança sofre no mundo. Mas, pô, a criança sofre, a mãe sofre e eu sou obrigado a sofrer também?
A minha manhã ficou sombria ao constatar que muitas crianças estão sofrendo das piores doenças e males sociais (fome, violência, abandono)pelo mundo afora.
Cláudia Leite tem recursos para tratar de seu filho e, por mais triste que seja, há crianças em situação muito, muito pior.
Solidariedade e sofrer junto! Pois então sou obrigado a ser solidário com uma cantora pela qual não tenho nenhuma simpatia e afinidade musical?
Até quando teremos que aturar essas fofocas de celebridades?

Torturas israelenses


Especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas estão investigando as denúncias de torturas praticadas por Israel contra palestinos na chamada instalação 1931.

As informações que lhes chegaram ao conhecimento são de que:

* trata-se de um centro de detenção secreto, situado em “local indeterminado de Israel e inacessível para o Comitê Internacional da Cruz Vermelha”;
* nele ocorrem torturas e maus tratos, além das condições de detenção serem deficientes.

A resposta que receberam, por escrito, seria cômica se não fosse trágica: Israel afirmou que não usa esse centro "há anos".

Ou seja, nem sequer negou tratar-se de um centro de torturas, pois percebeu que a mentira seria dura de engolir: para que um país mantém prisioneiros em instalações clandestinas, se não para fazer o que não pode ser feito às claras?

Então, Israel saiu pela tangente. A resposta que deu pode ser traduzida para "torturava antes, mas agora não torturo mais". Acredite quem quiser.

De resto, desta vez o estado judeu não pode ser acusado de estar copiando os métodos que a Alemanha nazista utilizava contra os próprios judeus: naquele tempo não se ocultavam os campos de concentração.

chupado de Náufragos da Utopia

domingo, 3 de maio de 2009

Professor gaucho acusado de racismo

MPF denunciou o docente por comentários racistas feitos em aula. Ele pode recorrer da decisão

Atualizada às 23h38min
A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) condenou na terça-feira um professor da faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a pagar multa civil por ato de racismo. O professor foi denunciado em ação civil pública pelo Ministério Público Federal (MPF) por ter feito em aula comentários racistas.

Conforme a denúncia do MPF, o acusado teria dito durante o primeiro dia de aula da disciplina "Leguminosas de Grãos Alimentícios", em março de 2000, as frases: "os negrinhos da favela só tinham os dentes brancos porque a água que bebiam possuía fluor" e "soja é que nem negro, uma vez que nasce é difícil de matar".

À época, foi aberta uma comissão de sindicância na faculdade, que concluiu que não havia uma conotação racista nas afirmativas do professor e que este tinha "o intuito de criar um ambiente mais descontraído no primeiro dia de aula", e ainda, que teria feito uso de expressões informais usuais no meio rural relacionadas à raça negra.

O MPF então ajuizou a ação, julgada pela 6ª Vara Federal de Porto Alegre, que foi considerada improcedente. A Procuradoria recorreu ao tribunal alegando que houve ação discriminatória e racista e que esta teria provocado constrangimento e indignação em todos os presentes e principalmente no único aluno negro presente.

O acusado defendeu-se alegando ter dito as frases sem intenção pejorativa e que valera-se de ditado corrente na zona rural, costumeiro em agricultores de origem italiana, que teria um conteúdo positivo, relativo ao vigor da raça negra. Entretanto, conforme alunos que testemunharam o fato, ele teria se retratado ao final da aula e em aulas posteriores tentado intimidar o aluno ofendido.

O relator do processo, juiz federal Roger Raupp Rios, convocado para atuar na corte, entendeu que "é inequívoca a violação dos princípios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade". Segundo o magistrado, um professor com o grau de intelectualidade do réu não teria como ignorar o conteúdo racista nas expressões utilizadas.

O professor foi condenado a pagar multa civil no valor de uma remuneração mensal do seu cargo universitário, que será destinada ao fundo da ação civil pública, incluídas todas as vantagens e adicionais que recebia quando ocorreu o fato. Ele poderá recorrer da decisão junto ao Superiro Tribunal de Justiça.

A Justiça do RS preferiu não revelar o nome do professor.

As informações são da assessoria de imprensa do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.