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quarta-feira, 13 de maio de 2009
"Nós tudo hoje é cidadão". Será?
13 de maio de 2009 - 121 anos de liberdade (?)
Mais de um século se passou após a promulgação da "Lei da Princesa", aquela que separou o "tempo do cativeiro" do "tempo da liberdade".
Mas será que muita coisa mudou daqueles tempos pra cá? Talvez sim, talvez não...
Vejamos: naquele tempo, quando o escravo resistia, seja em forma de fuga ou em forma de rebeldia, ele era capturado e, geralmente, punido com açoite. Hoje, quando o trabalhador (vamos chamar de trabalhador todo o conjunto de pobres esteja ele efetivamente empregado, subempregado, desempregado ou marginalizado) "resiste" ao sistema, ele é perseguido, discriminado, punido, preso ou simplesmente assassinado.
Espera-se dele gratidão, subserviência e humildade perante aos "bondosos" patrões, assim como se esperava submissão e obediência e gratidão do escravo pela "generosidade" dos senhores.
"Fui ver pretos na cidade
Que quisessem se alugar
Falei com essa humildade,
Negros, querem trabalhar?
Olharam-me de soslaio
e um deles, feio, cambaio
Respondeu-me arfando o peito:
- Negro não há mais não
Nós tudo é cidadão
o branco que vá pro eito".
Estes versos refletem as expectativas da sociedade quanto ao comportamento dos libertos após o 13 de maio. Esperava-se deles (feios e cambaios) a continuidade de seu estatudo anterior, ou seja, que mermanecessem escravos, submissos e obedientes.
Também traduz o mito criado a respeito dos ex-cativos e do negro em geral: insolentes e preguiçosos.
Trata-se, evidentemente, de um mito racista e preconceituoso para o qual as novas pesquisas historiográficas apontam outros caminhos e respostas, demonstrando a luta dos ex-escravos e seus descendentes para se afirmarem no mercado de trabalho e na sociedade.
No entanto, os versos também apontam para uma tomada de consciência: "Nós tudo é cidadão". Será?
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