domingo, 17 de junho de 2012

A verdade sobre a ocupação na Líbia

Na segunda-feira (04.06) um fato chocou a Líbia, mas não foi noticiado pela imprensa ocidental porque não foi uma notícia aprovada pelo imperialismo: a tomada do Aeroporto Internacional de Trípoli pela Brigada Al-Awfea [“Legalista”], leal a Kadafi, que se supõe que tenha vindo da cidade de Tarhouna, uma das últimas fortalezas kadafistas a cair quando o país foi atacado pela artilharia aérea de EUA-OTAN. Os habitantes de Tarhouna são líbios negros que foram discriminados na Líbia na época do Rei Ídris, mas foram resgatados no governo da Jamahiriya. O novo aeroporto de Trípoli estava sendo construído antes da guerra de ocupação da Líbia por uma empresa brasileira. Seria o maior e mais moderno aeroporto do mundo, não fossem as bombas terroristas despejadas no país – e no aeroporto - pela OTAN-USA e seus aliados colonialistas. Segundo relatos de moradores, a Líbia hoje é um país mergulhado no caos: falta água, luz, medicamentos e alimentos. Algo impensável na época de Kadafi. Quando a OTAN e seus cúmplices (governos dos EUA, França, Inglaterra, Canadá, Arábia Saudita, Catar e outros asseclas) despejaram toneladas de armamentos de paraquedas, em todas as regiões da Líbia, estavam criando as condições necessárias para o caos agora instalado no país. Mas era este o objetivo, além de assassinar covardemente o líder Muamar Kadafi. O martirizado líder líbio construiu o maior rio artificial do mundo, estava construindo o melhor aeroporto do mundo, enquanto Obama mandou bombardear as estações adutoras de água do rio artificial e a construção do aeroporto. Bombardeou toda a infraestrutura do país para que hoje 8.000 soldados norte-americanos estejam ocupando todos os poços de petróleo da Líbia. Estão roubando petróleo da Líbia. EUA, França e Inglaterra, roubam o petróleo líbio e contabilizam como “despesas de guerra”. Afirmam que o povo líbio pediu para ser bombardeado e que agora precisa pagar os custos e despesas com a guerra de ocupação. A Brigada Al-Awfea declarou que a principal razão para a ação de invadir e tomar o Aeroporto Internacional de Trípoli foi protestar contra o misterioso desaparecimento de seu líder, coronel Abu Ajela Al-Habashi e chamar a atenção do mundo para o sofrimento do povo de Tarhouna e outros líbios negros, no período pós-Kadafi. Foguetes lança-granadas, alguns tanques e fogo de artilharia pesada foram usados para ocupar a entrada e as cercanias do aeroporto. Aviões internacionais foram impedidos de decolar. Os passageiros, inclusive os que já estavam embarcados prontos para decolar, receberam ordens, de homens armados, para desembarcar e retornar aos hotéis. Aos olhos da Brigada Al-Awfea, a tomada do aeroporto foi uma espécie de sátira política, carregada de simbolismo e, sobretudo, de legitimidade. A acusação que mais se faz contra a Brigada Al-Awfea é que prega e difunde estereótipos racistas que, cada dia mais, circulam na Líbia pós-Kadafi. Mesmo assim, a ação no aeroporto gerou pânico entre as autoridades líbias, que bracejam num oceano de confusões. Todas as chegadas internacionais foram desviadas para Mitiga, o aeroporto militar de Trípoli. Não é a primeira vez que elementos descontentes da classe mais baixa da população de Trípoli empreendem ações contra os símbolos usados para propaganda da infraestrutura líbia. Mas a ação da Brigada Al-Awfea contra o Aeroporto Internacional de Trípoli é, até agora, de longe, a mais ousada e temerária. A Líbia atual prepara-se para as eleições nacionais de uma assembleia constituinte, em julho de 2012. As eleições foram adiadas, previstas como estavam para 19 de junho. O atraso indica o estado de confusão e desorganização do Conselho Nacional de Transição. Depois das eleições, a assembleia terá de indicar um primeiro-ministro, um gabinete e uma autoridade constituinte, que redigirá uma nova Constituição para a Líbia. Depois, a Constituição – que se teme que venha a ser fortemente influenciada por grupos ligados à Al Qaeda – será submetida a referendo popular e, se aprovada, haverá eleições gerais num prazo de seis meses, contados a partir do referendo. As próximas eleições gerais estão sendo saudadas como as primeiras eleições livres e justas na história da Líbia. Mas a junta governista - que não governa - não sabe como controlar um país onde a maioria da população está armada e só teme os bombardeios da OTAN. O Partido Justiça e Desenvolvimento, braço político da Fraternidade Muçulmana é o partido maior e mais bem organizado. Outros partidos parecem ter expressão apenas regional, como o Partido Verdade e Democracia de Benghazi ou o Congresso Líbio Amazigh, que tem formação de base étnica. A democracia ocidental é um presente de grego de Obama para o povo líbio. Na época de Kadafi o governo era uma Jamahiriya (Poder Popular). Os habitantes se reuniam em Congressos e Comitês Populares, e decidiam os destinos do país. O Livro Verde ensina que dar uma carta em branco para um político é algo temerário e absurdo porque “a representação é uma impostura”. O poder popular deve ser exercido e não transferido a um representante. Na Jamahirya não havia políticos, mas os Congressos e Comitês Populares podiam destituir e eleger ministros e administradores públicos a qualquer momento. Kadafi dedicou sua vida à construção de um país que não se dobrava às potências ocidentais. Obama dedica sua vida a fortalecer o complexo militar, petrolífero e bancário norte-americano, que estão destruindo o mundo com consumismo exagerado e extinção dos recursos naturais. Durante a guerra de ocupação da Líbia por potências ocidentais criminosas, que assassinaram mais de 200.000 líbios, Kadafi recebeu convites de diversos países para se exilar, e jamais aceitou nem considerou essa possibilidade. Lutou até o final, como um verdadeiro guerreiro, seguindo o exemplo de Omar Moukhtar, e como ele foi martirizado. O advogado das causas populares, Barak Hussein Obama, foi eleito presidente e traiu seus eleitores ao cumprir fielmente a agenda dos banqueiros, indústrias bélica e petroleira, para se manter no poder e usufruir dos privilégios inerentes ao cargo. Kadafi preferia as tendas árabes aos hotéis luxuosos do ocidente. Por todos esses motivos, um Kadafi vale por 100 Obamas. Kadafi é a resistência dos pequenos povos e países submetidos ao terrorismo estatal do imperialismo e das potências colonialistas. Obama é o retrato de um político profissional de um país que sobrevive explorando, roubando e saqueando os pequenos povos e países do mundo.

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