Informações, curiosidades, comentários, pontos-de vista... Este é o nosso blog, vamos fazer ouvir a voz da minoria que não se resigna; a "minoria" ruidosa!
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Pancho Villa
Doroteo Arango nasceu em Durango e viveu até os 16 anos como trabalhador rural. Com essa idade, foi acusado de matar um fazendeiro que atacara sua irmã e para fugir das perseguições da justiça, se alista no exército mexicano. Como chefe de guarnição, em 1910, apoia Francisco Madero no combate a ditadura controlada por Porfirio Díaz.
Em 1912, o general Victoriano Huerta, que deporia e substituiria Francisco Madero, condena Pancho Villa à morte por insubordinação. Ele consegue se refugiar para os Estados Unidos com a ajuda de Madero. Após a morte de Madero e a instauração de uma ditadura no México por Huerta, Pancho Villa retorna ao México para integrar as forças de Venustiano Carranza, opositor do ditador.
Com seu pessoal espalhado por todo o México, Pancho Villa, Venustiano Carranza, Álvaro Obregón e Emiliano Zapata unem-se num exército que combatia a ditadura em uma guerra civil. Pancho recebe o comando da cavalaria com mais de 40 mil homens, que foi decisivo para derrubar o regime de Huerta. Carranza assume o poder, mas Pancho Villa retorna a luta armada, após ter se desentendido com o novo governante. Assim, Pancho controla o norte do país. O governo mexicano convoca uma força expedicionária norteamericana para capturar o revolucionário, mas Pancho escapa. Com a deposição de Venustiano Carranza, Pancho se torna fazendeiro no interior do país.
A partir de 1920, Villa dedicou-se a administrar a fazenda de Canutillo, época na qual Álvaro Obregón foi eleito presidente do México. Quando o novo presidente Obregón consolidou a sua posição, alguns planos para livrar-se de Pancho Villa foram tolerados ou abertamente promovidos pelo governo e ante o temor de que Francisco Villa novamente levantasse em armas durante a Rebelião delahuertista, decide matá-lo.
Mediante uma emboscada organizada pela polícia secreta e pelos pistoleiros a soldo de familiares de antigas vítimas de Villa, foi assassinado a tiro o famoso bandolero transformado em general revolucionário. Era a tarde do dia 20 de julho de 1923, quando Pancho Villa morreu no seu automóvel, atingido por 47 balas de pistola ao se dirigir a uma festa familiar.
Emiliano Zapata
Zapata nasceu no pequeno estado mexicano de Morelos, no vilarejo de San Miguel Anenecuilco. Naquele tempo o México era dominado pela ditadura de Porfirio Díaz, que ascendeu ao poder em 1876. A família de Zapata, apesar de não ser rica, mantinha-se independente. Nunca foi realmente ameaçada de pobreza, evitando a peonagem e mantendo sua própria terra (ranchero). Apesar de não ser indígena puro (tinha ancestrais espanhóis e era considerado, por isso, mestiço), Zapata rapidamente se envolveu nas lutas dos indígenas do estado de Morelos.
Por muitos anos Zapata manteve-se firme em campanha pelos direitos dos habitantes do vilarejo, primeiro através da recuperação de antigos títulos de propriedade, e depois pela pressão por atitudes sobre o governo de Morelos. Finalmente, desanimado com a falta de ações do governo e com os privilégios dados aos ricos fazendeiros, Zapata começou a fazer uso da força armada, simplesmente se apossando das terras em disputa.
Em 1910, as agitações finalmente decantaram na formação de bandos guerrilheiros. Zapata rapidamente assumiu um papel importante, tornando-se o general de um exército formado em Morelos. Porfirio Díaz foi derrubado por Madero em 1911, em grande parte devido as rebeliões promovidas pelos peões. Zapata liderava os camponeses do sul e Pancho Villa liderava-os no norte. Madero havia prometido a reforma agrária e eleições para presidente, contudo boa parte dessas promessas ficou no papel. Insatisfeito com as atitudes de Madero, Zapata não pode suportar a indicação para governador de um simpatizante dos grandes proprietários e mobilizou novamente seu exército de libertação.
Madero foi logo destituído por Victoriano Huerta, um antigo general porfirista, que deu anistia a Díaz e controlou as frentes indígenas em luta pela reforma agrária. A reação dos camponeses a esse governante aumentou consideravelmente as forças armadas de Zapata. A oposição a Huerta se consolidou com a entrada em cena de Venustiano Carranza, que liderou uma facção constitucionalista (o Exército Constitucionalista) que se aliou tanto a Villa quanto a Zapata. As forças unidas dos três se mostraram suficientes para derrubar Huerta, em julho de 1914.
Em 9 de abril de 1919 o general Jesús Guajardo convidou Zapata para um encontro, fingindo simpatizar com a causa zapatista. Quando Zapata o encontrou, entretanto, Guajardo disparou diversas vezes contra ele; a seguir, entregou o corpo do chefe revolucionário em troca da recompensa oferecida.
Após a morte de Emiliano Zapata, o Exército de Libertação do Sul começou a desintegrar-se, desaparecendo depois que uma rebelião comandada por Obregón depôs Carranza. As conquistas de Zapata no estado de Morelos foram aos poucos desaparecendo.
O legado de Zapata permanece vivo ainda hoje, particularmente entre os grupos revolucionários do sul do México. Disse ele uma vez: "É melhor morrer de pé do que viver de joelhos".
domingo, 28 de agosto de 2011
O doce sabor da amizade
Nada como o prazer sem paralelo de receber ou ser recebido por amigos chegados. São nessas reuniões que alimentamos nossos sonhos, nossas convicções, nossos desafios...
Ultimamente tenho estado junto aos amigos em diversas ocasiões.
Como é magnífico o sabor dos drinques e petiscos degustados entre poesias, discussões políticas/filosóficas/esportivas/cinematográficas, ou simples fofocas e maledicências.
Nosso Calvário do dia-a-dia esvai-se diante da sonoridade redentora das gargalhadas da galera.
Um sempre fica mais doido que os demais e provoca riso em todos...
Amizade (do latim amicus; amigo, que possivelmente se derivou de amore; amar, ainda que se diga também que a palavra provém do grego) é uma relação afetiva, a princípio, sem características romântico-sexuais, entre duas pessoas. Em sentido amplo, é um relacionamento humano que envolve o conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto do altruísmo. Neste aspecto, pode-se dizer que uma relação entre pais e filhos, entre irmãos, demais familiares, cônjuges ou namorados, pode ser também uma relação de amizade, embora não necessariamente.
A amizade pode ter como origem, um instinto de sobrevivência da espécie, com a necessidade de proteger e ser protegido por outros seres. Alguns amigos se denominam "melhores amigos". Os melhores amigos muitas vezes se conhecem mais que os próprios familiares e cônjuges, funcionando como um confidente. Para atingir esse grau de amizade, muita confiança e fidelidade são depositadas.
Muitas vezes os interesses dos amigos são parecidos e demonstram um senso de cooperação. Mas também há pessoas que não necessariamente se interessam pelo mesmo tema, mas gostam de partilhar momentos juntos, pela companhia e amizade do outro, mesmo que a atividade não seja a de sua preferência.
A amizade é uma das mais comuns relações interpessoais que a maioria dos seres humanos tem na vida.[1] Em caso de perda da amizade, sugere-se a reconciliação e o perdão. Carl Rogers diz que a amizade "é a aceitação de cada um como realmente ele é".
Ultimamente tenho estado junto aos amigos em diversas ocasiões.
Como é magnífico o sabor dos drinques e petiscos degustados entre poesias, discussões políticas/filosóficas/esportivas/cinematográficas, ou simples fofocas e maledicências.
Nosso Calvário do dia-a-dia esvai-se diante da sonoridade redentora das gargalhadas da galera.
Um sempre fica mais doido que os demais e provoca riso em todos...
Amizade (do latim amicus; amigo, que possivelmente se derivou de amore; amar, ainda que se diga também que a palavra provém do grego) é uma relação afetiva, a princípio, sem características romântico-sexuais, entre duas pessoas. Em sentido amplo, é um relacionamento humano que envolve o conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto do altruísmo. Neste aspecto, pode-se dizer que uma relação entre pais e filhos, entre irmãos, demais familiares, cônjuges ou namorados, pode ser também uma relação de amizade, embora não necessariamente.
A amizade pode ter como origem, um instinto de sobrevivência da espécie, com a necessidade de proteger e ser protegido por outros seres. Alguns amigos se denominam "melhores amigos". Os melhores amigos muitas vezes se conhecem mais que os próprios familiares e cônjuges, funcionando como um confidente. Para atingir esse grau de amizade, muita confiança e fidelidade são depositadas.
Muitas vezes os interesses dos amigos são parecidos e demonstram um senso de cooperação. Mas também há pessoas que não necessariamente se interessam pelo mesmo tema, mas gostam de partilhar momentos juntos, pela companhia e amizade do outro, mesmo que a atividade não seja a de sua preferência.
A amizade é uma das mais comuns relações interpessoais que a maioria dos seres humanos tem na vida.[1] Em caso de perda da amizade, sugere-se a reconciliação e o perdão. Carl Rogers diz que a amizade "é a aceitação de cada um como realmente ele é".
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Woody Allen, a caixa
Recentemente, graças a um auxílio-esmola concedido pelo governo estadual do Rio de Janeiro aos profissionais à frente das salas de aula do ensino fundamental, adquiri a caixa de dvds lançada com 20 títulos muito significativos da cinematografia do novaiorquino Woody Allen.
Há várias preciosidades no mimo. Em ordem cronológica, há desde "Bananas",a divertidíssima comédia do começo da década de 1970, até "Melinda & Melinda", com uma temática mais madura, própria das últimas produções do genial cineastra.
Estou doido para começar a "devorar" a coleção. Falta alguns títulos, pois a obra de Woody Allen é bastante extensa, mas têm várias preciosidades como "Manhanttan", "Hannah e suas irmãs", "Noivo neurótico, noiva nervosa", "Zelig", "A era do rádio" e muitos outros.
Já comecei a ver. Mas vou apreciar aos poucos...
"Manhanttan" foi o primeiro filme. Magnífico! Uma ode de amor à cidade. Fotografia e música perfeitas! Maravilha.
Aos poucos, conforme a degustação da caixa, filme por filme, irei postando minhas impressões sobre as maravilhas de Woody Allen.
quinta-feira, 31 de março de 2011
Algumas manifestaões de repúdio a Bolsonaro
Hora de jogar o imbecil no xilindró
Eis a oportunidade que faltava para nos livrarmos de Jair Bolsonaro. Seu afastamento da Câmara, apesar de perfeitamente justificável, não pode esgotar o caso. É necessário processá-lo e metê-lo atrás das grades. Simples assim.
A esquerda, os movimentos sociais e a blogosfera não podem aceitar qualquer resposta vaga do Judiciário. Devem pressionar o Poder Público até que o cretino seja retirado de circulação para sempre. Acionemos a descarga sobre esses excrementos reacionários antes que eles conquistem a notoriedade que desejam.
http://guilhermescalzilli.blogspot.com/
Luiz Carlos disse...
Tambem pudera, veja o absurdo que esse imprestável verdugo disse: "eu tenho iminidade para falar e roubar."
http://noticias.uol.com.br/politica/2011/03/31/em-entrevista-bolsonaro-diz-que-mec-abre-as-portas-para-homossexualidade-e-pedofilia.jhtm
Ow besteira... o cara só está colhendo o que plantou... Se ele foi eleito a culpa não é dele, é? Quero saber até quando a gente vai continuar elegendo pessoas que continuam explorando os otários...
1964, Bolsonaro e Alencar, Um contraponto...
1964, BOLSONARO & ALENCAR
Para lembrar o golpe
Por Luciano Martins Costa em 31/3/2011
Comentário para o programa radiofônico do OI, 31/3/2011
Não poderia haver manifestação mais representativa para marcar os 47 anos do golpe de 31 de março de 1964 do que a mais recente performance pública do deputado-capitão Jair Bolsonaro (PP-RJ). Ao dar ampla publicidade aos destemperos preconceituosos do parlamentar, a imprensa ajuda os mais jovens, que não viveram o período da ditadura, a entender a mentalidade que os militares tentaram impor à sociedade brasileira durante os vinte anos do regime.
Jair Bolsonaro é um representante típico daquele período, embora, para seu desgosto, não tivesse idade para assumir postos de poder. Nascido em Campinas, em 1955, ele era criança quando ocorreu o golpe, mas teve sua formação militar durante o regime autoritário. Suas referências são, portanto, de ouvir falar e das ordens do dia que recebia no quartel.
Liberdade desprezada
Ele parece não ter aprendido mais nada de1984 para cá, quando o Brasil iniciou seu processo de redemocratização. A oportunidade para mais uma de suas manifestações obscurantistas foi criada pelo programa CQC, transmitido na segunda-feira (28/3) pela Rede Bandeirantes.
Respondendo perguntas gravadas pela cantora Preta Gil, ele deu vazão a seus preconceitos contra homossexuais e negros. Posteriormente, ameaçado de processo por quebra de decoro, acovardou-se e tentou se justificar, dizendo que se confundiu com uma pergunta, embora ainda mantendo o tom agressivo que o caracteriza.
Ele escolheu um momento emblemático para tentar se explicar: o velório de outra personalidade pública, o ex-vice-presidente José Alencar Gomes da Silva. "Estou me lixando para gays", esbravejou o parlamentar.
No noticiário de quinta-feira (31/3), não há como escapar à comparação entre sua personalidade e a de Alencar, que recebe justificadas homenagens através da imprensa.
O episódio envolvendo Bolsonaro é um desses casos em que a liberdade de imprensa ajuda a entender o que são as demais liberdades. Ao exercer a liberdade de expressão que, como defensor das ditaduras, sempre desprezou, o deputado inspira um debate interessante sobre os limites da tolerância democrática.
Terrorismo e covardia
O capitão-deputado Jair Bolsonaro é personagem patético, cujas diatribes beiram o ridículo em ambientes menos obscuros. Sua presença na Comissão de Direitos Humanos da Câmara é uma dessas provocações.
Como militar, ele pertence à estirpe do hoje coronel Wilson Luiz Chaves Machado, que em 1981 foi um dos conspiradores que tentaram armar um ato terrorista durante um show de música no Riocentro, e que hoje se esconde da Justiça atrás de supostos interesses de Estado.
Talvez a imprensa pudesse aproveitar a grotesca manifestação do parlamentar para lembrar aos brasileiros do que são capazes personagens como esses. Para ilustrar os mais jovens sobre o padrão de covardia que se mantinha no regime militar, basta lembrar que o então capitão Wilson Machado foi um dos agentes que tentaram explodir uma bomba durante um show comemorativo do 1º de maio, em 1981, no Rio de Janeiro.
A bomba acabou explodindo no colo de seu companheiro de terrorismo, o sargento Guilherme Pereira do Rosário, o episódio vazou para a imprensa mas acabou abafado pelas pressões do governo militar e por conveniência de alguns grupos de comunicação.
No dia em que se registra mais um aniversário do golpe militar que remeteu a sociedade brasileira para o passado, talvez fosse o caso de rememorar um dos episódios mais representativos da mentalidade que predominava em certos setores das Forças Armadas, dos quais Jair Bolsonaro é representante no Congresso Nacional.
Também é apropriada a ocasião, produzida por Bolsonaro, para rememorar o episódio de 1981 no Riocentro, apontar os comandantes do atentado que colocaria em risco a vida de 18 mil jovens, e, por que não, esclarecer como agiram os veículos de comunicação na ocasião.
Seria um excelente contraponto às homenagens que se fazem ao outro personagem da semana, o ex-vice presidente José Alencar.
Bolsonaro, o troglodita, pisa na bola feio!
Em entrevista ao programa CQC, segunda-feira à noite, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), fez várias declarações polêmicas, ofensivas, que podem lhe custar até o mandato.
Ao ser perguntado sobre a hipótese de ter um filho gay, respondeu: “Isso nem passa pela minha cabeça, eu dei uma boa educação, fui pai presente, não corro esse risco.”
Questionado por que é contra as cotas raciais, disse: “Eu não entraria em um avião pilotado por um cotista nem aceitaria ser operado por um médico cotista.”
Indagado pela cantora Preta Gil sobre o que ele faria se um filho dele se apaixonasse por uma negra, respondeu: “Ô Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados. Não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu.”
Preta Gil vai processar Bolsonaro: “Racismo é crime! E ele assume que o é!”, escreveu no Twitter, ao anunciar o processo. “Não farei somente por mim e pela minha família, que foi ofendida e caluniada por ele, mas também por todos os negros e gays deste país”.
O presidente da Ordem dos Advogados no Brasil (OAB)- seção Rio de Janeiro, Wadih Damous, oficializou abertura imediata de processo por quebra de decoro parlamentar conta o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). Para Damous, as declarações do deputado são inaceitavelmente ofensivas, pois tem cunho racista e homofóbico, comportamento incompatível com as tradições parlamentares brasileiras.
Também nessa terça-feira, 29, deputados protocolaram, representação para que o deputado Jair Bolsonaro seja investigado pela Corregedoria da Câmara por quebra de decoro parlamentar. Os deputados acusam Bolsonaro de ter feito comentários racistas feitos durante o programa CQC, da TV Bandeirantes, exibido na segunda-feira (28).
A representação, assinada por 20 deputados, pede ainda que Bolsonaro seja destituído da Comissão de Direitos Humanos pelo seu partido. “Não cabe uma pessoa que não defenda esses direitos atuar em uma comissão voltada para esse fim”, disse a presidente da Comissão, deputada Manuela d’Ávila (PCdoB-RS).
Bolsonaro, o troglodita, pede desculpas...
Diante da forte repercussão das declarações ao CQC, Bolsonaro alegou ter se equivocado na resposta. Disse ter entendido que a pergunta era se seu filho namorasse uma pessoa do mesmo sexo.
“Foi um mal-entendido, eu errei. Como veio uma sucessão de perguntas, eu não ouvi que era aquela pergunta, foi um equívoco. Entendi que a pergunta era se meu filho tivesse um relacionamento com gay, por isso respondi daquela forma”, disse. “Na verdade, quando eu vi a cara da Preta Gil eu respondi sem prestar atenção.”
Questionado sobre qual seria sua resposta à pergunta feita pela cantora, o deputado voltou ao ataque: “Eu responderia que aceito meu filho ter relacionamento com qualquer mulher, menos com a Preta Gil.”
::
Jair Bolsonaro divulgou esta nota de esclarecimento.
A respeito de minha resposta à cantora Preta Gil, veiculada no Programa CQC, da TV Bandeirantes, na noite do dia 28/03/2011, são oportunos alguns esclarecimentos.
A resposta dada deve-se a errado entendimento da pergunta – percebida, equivocadamente, como questionamento a eventual namoro de meu filho com um gay.
Daí a resposta: “Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco porque os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu.”
Todos aqueles que assistam, integralmente, a minha participação no programa, poderão constatar que, em nenhum momento, manifestei qualquer expressão de racismo. Ao responder por que sou contra cotas raciais, afirmei ser contrário a qualquer cota e justifiquei explicando que não viajaria em um avião pilotado por cotista nem gostaria de ser operado por médico cotista, sem me referir a cor.
O próprio apresentador, Marcelo Tas, ao comentar a entrevista, manifestou-se no sentido de que eu não deveria ter entendido a pergunta, o que realmente aconteceu.
Reitero que não sou apologista do homossexualismo, por entender que tal prática não seja motivo de orgulho. Entretanto, não sou homofóbico e respeito as posições de cada um; com relação ao racismo, meus inúmeros amigos e funcionários afrodescendentes podem responder por mim.
Atenciosamente
JAIR BOLSONARO
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Contatos imediatos de 1º grau
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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Dias para abalar o mundo
O movimento contra Mubarak toma proporções de revolução e muda os rumos do Oriente Médio
A escalada do movimento contra o regime de Hosni Mubarak cresceu das proporções de uma manifestação nacional de protesto, no “dia de fúria” de 25 de janeiro, para a de uma autêntica revolução, a partir da sexta-feira 28 – mesmo se ainda está em aberto se ela será vitoriosa e no que isso resultará.
O momento crucial, a “Queda da Bastilha”, foi quando a multidão saiu das mesquitas (e, em menor quantidade, das igrejas coptas) do Cairo, convergiu para a ponte Kasr al-Nil e tomou-a aos policiais que a defendiam com gás lacrimogêneo, jatos d’água e cassetetes, obrigando-os a recuar e deixar o povo ocupar a Meydan Tahrir (Praça da Libertação). Quartéis da polícia foram incendiados, primeiro em Suez, depois em outras grandes cidades.
O medo da repressão foi vencido e a mobilização explodiu. O anúncio do Exército de que não atiraria nos manifestantes ajudou-a a culminar na “marcha dos milhões” de 1º de fevereiro, que fez jus ao nome. Segundo a Al-Jazira, 2 milhões de fato saíram às ruas no Cairo, meio milhão em Alexandria e números proporcionalmente impressionantes em outras grandes cidades, de Damieta, extremo norte, a Assuã, no sul. No Sinai, os beduínos expulsaram as forças da repressão, tomaram cidades na fronteira de Gaza e ameaçaram atacar o Canal de Suez. Com anuência de Israel, o Egito enviou tropas para controlar a região, desmilitarizada desde o tratado de paz de 1979.
Na hora zero da sexta-feira, o governo egípcio cortou completamente a internet, medida sem precedentes no mundo. Nos momentos mais críticos, inclusive o 1º de fevereiro, tirou do ar também a telefonia celular e os principais satélites de comunicações. Levou demasiado a sério a “revolução pelo Twitter” alardeada pela mídia ocidental. O blecaute digital paralisou os bancos e a economia – até cartões de crédito e caixas automáticos deixaram de funcionar –, mas não afetou os protestos, não cortou a cobertura jornalística e prejudicou a imagem do regime. Assim como outras medidas mais convencionais: toque de recolher, cassação da licença da Al-Jazira e perseguição a jornalistas.
A mais perigosa foi retirar a polícia das ruas, a partir da derrota da sexta-feira. Se o regime esperava causar caos e pânico e levar a população a recolher-se e implorar pela restauração da ordem, o tiro saiu pela culatra. Depois dos primeiros saques, dos quais parecem ter participado agentes provocadores, o povo organizou comitês, armou-se de paus e facas, ergueu barricadas e fez cordões humanos para proteger suas casas e seus tesouros nacionais, inclusive o Museu Nacional (onde peças foram danificadas), a Biblioteca de Alexandria e o Vale dos Reis. Mostrou ao governo que pode dispensá-lo.
Aparentemente, houve desentendimentos entre o governo, o aparelho repressivo e os diferentes ramos das Forças Armadas, bem como entre Mubarak e seus aliados nos EUA, Europa e Israel. Correram boatos de que o Exército desacatou ordens de disparar nos manifestantes. Soldados e oficiais foram vistos confraternizando com populares e dizendo estar a seu lado.
O secretário-geral do governista Partido Nacional Democrático (pateticamente expulso, em 1º de fevereiro, da Internacional Socialista), o poderoso empresário siderúrgico Ahmed Ezz, foi destituído, enquanto seus escritórios e indústrias eram saqueados. Já o baixo clero dos políticos e empresários governistas pareceu mais agarrado ao poder que o próprio ditador, acusando os manifestantes de serem desordeiros, fundamentalistas ou espiões de Israel.
Em 25 de janeiro, Hillary Clinton dizia que “o governo egípcio é estável e procura meios de responder aos interesses legítimos do seu povo”, mas, depois da sexta-feira, o discurso mudou. A Casa Branca pressionou Mubarak, que, no sábado, trocou o primeiro-ministro Ahmed Nazif (tecnocrata neoliberal identificado com a plutocracia e com uma política econômica impopular) pelo ministro da Aeronáutica e marechal-do-ar Ahmed Shafik. Nomeou o diretor de inteligência Omar Suleiman para a Vice-Presidência, vaga há 29 anos, sinalizando que Gamal Mubarak, filho de Hosni, até então tido como sucessor, foi deserdado – um golpe nos políticos do PND em proveito dos militares.
A reforma do gabinete não satisfez os manifestantes e a aliança de oposições (partidos laicos, Fraternidade Muçulmana, sindicatos, estudantes) liderada pelo recém-retornado Mohamed El-Baradei, que continuaram a exigir a renúncia de Hosni. No domingo, o presidente Barack Obama, depois de telefonar aos líderes de Israel, Arábia Saudita, Turquia e Reino Unido, cobrou publicamente o fim da repressão e uma “transição ordeira”, pouco depois que Hillary Clinton havia dito que as medidas da véspera não bastavam, eram “mero começo”.
A Casa Branca não conseguiu agradar nem a gregos nem a troianos. A oposição egípcia não se satisfez e conservadores dos EUA e de Israel condenaram a “traição” de Obama ao velho ditador, que sinalizaria a outros autocratas do Oriente Médio que não podiam confiar no apoio estadunidense. Eytan Gilboa, cientista político israelense entrevistado pelo site Ynet, disse que Obama “já virou as costas a Israel uma vez, apunhalou Mubarak pelas costas e é hora de desenvolver relações com novas potências”, Índia e China – como se fosse concebível criar lobbies sionistas em Nova Délhi e Pequim.
No Reino Unido, enquanto o primeiro-ministro conservador David Cameron pareceu afinado com a Casa Branca ao pedir “transição ordeira”, Tony Blair defendeu Mubarak, chamando-o de “imensamente corajoso, uma força para o bem”, e advertindo contra “o que poderia emergir de eleições apressadas”. No mundo árabe, Mahmoud Abbas e o rei saudita, Abdullah, também ofereceram seu apoio ao ditador cambaleante.
Outros entenderam melhor: o líder do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos, anunciou reformas e prometeu não se recandidatar, enquanto na Jordânia o rei Abdullah II demitia o primeiro-ministro. Mas o próprio Mubarak resistiu a mais concessões até o dia da “marcha do milhão”, durante o qual os EUA enviaram um emissário especial para repetir o recado. Só ao fim dessa noite reapareceu na tevê para avisar que não voltaria a se candidatar, mas permaneceria no cargo até as eleições gerais em setembro.
O anúncio satisfez, segundo jornalistas, alguns manifestantes, ansiosos por voltar à vida normal, mas não às principais forças de oposição, incluindo El-Baradei e a Fraternidade Islâmica. E o governo, ou parte dele, reagiu violentamente. Em 2 de fevereiro, violentos militantes pró-Mubarak irromperam na Praça Tahrir sem ser detidos ou incomodados pelo Exército, enfrentaram com cavalos, camelos, chicotes, navalhas, pedras e coquetéis molotov os manifestantes da oposição e espancaram e prenderam jornalistas. Parte deles era de policiais à paisana ou membros do PND – 120 foram capturados por populares, que exibiram a jornalistas suas identificações – outros seriam populares pagos por empresários governistas, a 200 libras egípcias por cabeça (34 dólares), principalmente entre guias turísticos das pirâmides, que as manifestações deixaram sem trabalho.
Tática desastrosa: uniu a oposição em vias de se dispersar e dividiu o governo. O papel da Fraternidade Islâmica visivelmente cresceu. O primeiro-ministro Shafik ameaçou renunciar e fez um pedido de desculpas em público, EUA e Europa se pronunciaram condenando a prisão de jornalistas e pedindo transição “rápida”: não dá mais para esperar até setembro.
A lógica dos EUA é clara: quanto mais Mubarak resistir, mais antiocidental será o regime que o suceder. Mas o tipo de transição que os EUA gostariam de garantir já não é um sonho? Mais de uma vez, um ditador longamente apoiado por Washington e derrubado por um movimento popular foi sucedido por um regime democrático amigável para com o Ocidente – por exemplo, a queda de Ferdinand Marcos, em 1986, e de Mohamed Suharto, em 1998. Mas, neste caso, é improvável que qualquer governo democraticamente eleito seja tão dócil aos EUA e a Israel quanto Mubarak. E não é impossível que seja hostil.
No Irã, a insurreição do Egito recebeu apoio tanto do governo conservador de Mahmoud Ahmadinejad quanto de Mir-Hossein Mousavi, o principal líder da oposição tida (indevidamente) como liberal. Os primeiros veem no movimento do Cairo uma repetição da revolução islâmica do Irã de 1979 e, os segundos, da “onda verde” do Irã de 2009. Nos EUA e em Israel, uma divergência similar de interpretação opõe conservadores e liberais, ainda que os primeiros, ao contrário de seus similares iranianos, considerem aterradora a perspectiva.
Qual análise é a mais realista? Em favor dos liberais, diga-se que as manifestações foram iniciadas por estudantes aparentemente laicos, que não se ouvem palavras de ordem fundamentalistas nos protestos contra Mubarak, que neles participam tanto muçulmanos quanto cristãos coptas e que os líderes da Fraternidade Islâmica têm sido cautelosos. Só apoiaram os protestos depois de iniciados e têm participado da coalizão da oposição liderada pelo líder laico Mohamed El-Baradei sem parecer pretender um papel dominante.
Há muito “parece” nesse parágrafo, e não sem razão. O olhar dos observadores ocidentais, principalmente os jornalistas, tende a dar um peso desproporcional a líderes, intelectuais, blogueiros e tuiteiros que sabem se expressar em inglês – que frequentemente são oposicionistas sinceros e até radicais, mas tendem a ser mais ocidentalizados e liberais que as massas e não necessariamente representam seu sentimento.
Sob a superfície, outras correntes podem ser mais poderosas. Uma pesquisa da Pew Research (instituição presidida por Madeleine Albright, ex-secretária de Estado de Bill Clinton), conduzida em maio de 2010 e publicada em dezembro do mesmo ano em sete países islâmicos, mostrou que a maioria dos muçulmanos egípcios tende ao islamismo político.
Os egípcios estão divididos 48% a 49% entre os que consideram o atual papel do Islã na política grande ou pequeno. Dos 48% que o julgam já “grande”, 95% acham isso bom. Dos que acham pequeno, 80% não estão satisfeitos com o quadro. Noves fora, 85% consideram positiva a influência do Islã na política – bem mais do que, por exemplo, no Paquistão (68%), Líbano (58%) ou Turquia (38%) – e só 2% a julgam ruim, menos que em qualquer outro país pesquisado, o que inclui Indonésia, Nigéria e Jordânia. Nada menos de 82% apoiam a punição do adultério com apedrejamento, 77% a punição do roubo com açoite ou amputação de mãos, 84% a pena de morte para a apostasia e 54% a segregação de homens e mulheres no local de trabalho, porcentagens sempre em primeiro ou segundo lugar entre os países pesquisados.
São 59% os que preferem a democracia a qualquer outro tipo de governo – uma maioria, mas inferior à de outros países, exceto Paquistão. Só 20% aplaudem a Al-Qae-da e 19% o Hezbollah, mas 49% simpatizam com o Hamas, que historicamente surgiu da Fraternidade Islâmica, a qual venceu pelo menos metade das eleições das quais Mubarak permitiu que participasse.
Os egípcios parecem tender a uma democracia islâmica e não liberal, e vale lembrar que, com todas as limitações, o Irã tem eleições mais reais que o Egito ou qualquer país árabe, exceto o Líbano. As semelhanças com o Irã também incluem a presença de uma considerável mão de obra feminina, de um movimento trabalhista significativo (e em boa parte islâmico, ainda que moderado) e uma forte identidade nacional.
Por outro lado, o Egito difere do Irã por uma minoria não muçulmana grande e influente: os coptas representam pelo menos 10% da população, com uma representação mais que proporcional nas classes média e alta, inclusive os artesãos e comerciantes do “bazar”, cuja hostilidade à modernização e à concorrência do capital ocidental foi decisiva em Teerã. No Egito, essa camada é mais ocidentalizada e dependente do turismo.
O islamismo sunita, predominante no Egito, não é necessariamente mais moderado que o xiita do Irã – Osama bin Laden e o Taleban que o digam –, mas é mais plural e menos hierarquizado, o que dificulta a estruturação de um regime teocrático. Mas que não haja um “aiatolá Khomeini” é uma meia-verdade: embora não tenha autoridade formal sobre o Islã ou a Fraternidade Islâmica, o teólogo egípcio Yusuf al-Qaradawi, exilado no Catar desde 1961, foi em 2008 classificado pela revista Foreign Policy como o terceiro intelectual mais influente no mundo. Não é o único líder religioso relevante, mas sua voz se fez ouvir sobre a dos demais, ao condenar o regime Mubarak e declarar haram (religiosamente proibida) a repressão aos manifestantes. Tem uma audiência de 40 milhões na Al-Jazira, é hostil a Israel e foi proibido de pisar nos EUA e no Reino Unido por elogiar o “martírio” dos homens-bomba palestinos.
Não que seja o único: para a diplomacia e a inteligência de Israel, só o “círculo interno” de Mubarak está comprometido com a paz. Não confiam em El-Baradei, visto pela imprensa ocidental como a esperança laica e democrática. Sua gestão na Agência Internacional de Energia Atômica, de 1997 a 2009, lhe rendeu o Nobel da Paz de 2005, mas também uma série de atritos com o Estado judeu, que culminou em 2007, quando acusou Tel-Aviv de violar a lei internacional ao bombardear as instalações nucleares da Síria e Ehud Olmert pediu sua demissão. El-Baradei também atacou a invasão do Iraque, criticou os exageros do Ocidente quanto à suposta ameaça nuclear do Irã e os diferentes pesos e medidas aplicados a Israel, que se recusa a aderir ao tratado de não proliferação, e que ele apontou como a maior ameaça à paz no Oriente Médio.
Mesmo que o resultado não seja uma teocracia nem uma declaração de guerra a Israel, a queda de Mubarak – se for mais que a farsa de uma substituição por um Suleiman ou Shafik – mudará a face da região. Depois de romper com a Turquia, Israel perderá seu último apoio na região, ficando mais isolado do que nunca. Seus navios e submarinos não mais poderão passar por Suez e o gás natural deixará de ser fornecido a preços camaradas. Pode ser também o fim definitivo das negociações por um Estado palestino independente, deixando Israel à deriva, em uma rota suicida.
Fonte: Carta Capital
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domingo, 23 de janeiro de 2011
TV Brasil é alternativa à mídia privada
A mídia em geral e a TV em particular têm intensificado suas tentativas de tornar a nossa sociedade contemporânea em uma sociedade de reprodutores de idéias alheias. Não é de hoje que esse blog manifesta sua ira contra a mídia controladora. O texto abaixo foi reproduzido no blog do Altamiro Borges. Altamiro já tinha tirado de outro blog... É assim que o blogosfera funciona...
"Reproduzo artigo de Jacson Segundo, publicado no Observatório do Direito à Comunicação:
Mesmo com índices de audiência ainda baixos se comparados com as emissoras comerciais abertas, a TV Brasil, carro-chefe da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), tem se mostrado uma alternativa cultural e informativa para muitas pessoas. Ela é a televisão nacional que mais exibe filmes brasileiros, produções independentes e tem uma elogiada programação infantil.
É a única que mantém um programa de crítica de mídia (Observatório da Imprensa) e tem uma janela direta para os telespectadores, por meio do quadro Outro Olhar, em que qualquer cidadão pode ter seu vídeo exibido em horário nobre pelo telejornal da emissora. Também talvez seja um dos únicos canais que privilegia o continente africano, com produções que falam da África e um correspondente de jornalismo na região.
"Quem assiste percebe que ali há um certo oásis na TV”, diz o jornalista e ouvidor-geral da EBC, Laurindo Leal Lalo Filho. Segundo Lalo, as maiores audiências e elogios da TV Brasil vêm dos conteúdos que o telespectador não encontra em outras emissoras. É o caso da programação infantil, que tem os índices de audiência mais elevados da TV. E seguindo a mesma lógica, de ser complementar, que fez com que a empresa começasse a transmitir jogos do campeonato brasileiro da série C este ano.
Jornalismo
Como ainda não é um órgão totalmente autônomo do governo federal, desde o nascimento a EBC tem sofrido críticas de alguns setores sobre sua possível falta de isenção em relação ao Executivo. Mas, concretamente, esses casos não têm chegado à Ouvidoria da empresa. O ouvidor-geral Laurindo Leal afirma que a questão do jornalismo governista não aparece nas reclamações dos telespectadores. “Passamos o período eleitoral sem grandes problemas”, relata.
O maior volume de reclamações que chegam aos ouvidos de Lalo não é referente ao que acontece no país. “O mais problemático é a cobertura internacional. Ela repete muitas vezes as posições das agências internacionais. No jornalismo é a grande reclamação”, sentencia.
No entanto, mesmo que não se transformem em reclamações formais, não é difícil assistir a matérias nos jornais da TV Brasil que têm enfoque quase idêntico aos feitos nos telejornais comerciais. Talvez isso aconteça pela dificuldade dos profissionais da empresa em diferenciar o jornalismo da emissora das televisões estatais e privadas.
É por esse motivo que o Conselho Curador aprovou em junho de 2010 um parecer cobrando que seja produzido um novo manual de jornalismo – em substituição ao Manual da Radiobrás - para guiar todos seus veículos. O prazo para confecção do material se encerra em 15 de junho deste ano. Para auxiliar nessa reflexão, o Conselho Curador também pretende realizar um seminário internacional sobre jornalismo público neste semestre.
O Conselho Curador, que é o órgão que representa a sociedade na EBC, também tem começado a olhar com mais cuidado a programação da TV, fazendo análises mais densas sobre as qualidades e falhas dos conteúdos exibidos. No ano passado, os conselheiros se dividiram em grupos temáticos para tornar a avaliação dos programas mais precisa. Além disso, o Conselho tem contratado acadêmicos para contribuir nesse processo com pesquisas.
Os 15 representantes da sociedade no Conselho são dos poucos que têm acesso aos índices de audiência da TV Brasil, já que a direção da empresa não divulga esses números. Segundo a presidente do Conselho, Ima Vieira, é possível verificar que a audiência cresceu nos últimos três anos, mas ainda é necessário atingir muito mais gente do que se atinge atualmente. “Não podemos desprezar esse indicador, pois embora nossa missão não seja fazer comunicação para todos ao mesmo tempo, não podemos produzir conteúdo para ninguém ver”, avalia Ima.
Participação social
O trabalho do Conselho vai além de monitorar os veículos da EBC. Sua atuação perpassa todos outros setores da empresa e sua existência é um principais elementos que distinguem uma TV pública das privadas e estatais. Para o ouvidor Laurindo Leal, a dinâmica do Conselho tem evoluído. “Hoje ele atua. Tem câmaras setoriais, se reune para discutir temáticas, produz documentos, solicita informações”, elogia Lalo.
De fato, quando foi criado, em 2007, o Conselho era mais fechado. Nem as atas das reuniões eram públicas. Além disso, a primeira gestão, presidida pelo economista Luiz Gonzaga Beluzzo, teve 19 dos seus 22 membros indicados pelo presidente da República. Outros dois pelo Congresso e um pelos trabalhadores da EBC.
Em 2009, quando o mandato de alguns conselheiros se encerrou, o processo de escolha foi um pouco diferente. Foram abertas indicações feitas pela sociedade para que o presidente Lula definisse os nomes. Mesmo assim, essas indicações ainda passaram pelo filtro do Conselho e pela escolha do presidente.
Se depender da posição da presidente do órgão, é possível que a próxima eleição de conselheiros seja ainda mais aberta à sociedade. “Acredito que é possível discutir mecanismos que garantam uma participação mais direta da sociedade na escolha e nomeação dos próximos conselheiros”, opinou Ima Vieira.
Para Ima, o Conselho também deve permear mais as decisões da EBC. Ela também defende que os responsáveis pelas diretorias diretamente ligadas ao conteúdo deveriam ser aprovados ou no mínimo referendados pelo órgão, já que é ele o responsável por zelar pela área finalística da empresa.
Além de garantir a autonomia e a independência do Conselho Curador existem outras maneiras de aumentar a incidência da população nos rumos da EBC. Uma delas é a realização de audiências públicas. Outra é o fortalecimento da Ouvidoria da empresa que, além do ouvidor-geral, conta com três ouvidores-adjuntos: um para a Agência Brasil, um para as oito rádios da EBC e outro para a TV Brasil.
Na Agência Brasil existe um canal em que o leitor pode postar seu comentário. Da mesma forma existe um programa que debate as reclamações e sugestões dos ouvintes das rádios. Apenas a TV ainda não conta com um espaço público para a Ouvidoria. A promessa desse programa é antiga e, segundo Lalo, ele só ainda não foi ao ar por falta de condições operacionais. “Já tem até material gravado. Estamos dependendo de acertos finais”, garantiu. Ele terá 15 minutos de duração e será exibido semanalmente."
"Reproduzo artigo de Jacson Segundo, publicado no Observatório do Direito à Comunicação:
Mesmo com índices de audiência ainda baixos se comparados com as emissoras comerciais abertas, a TV Brasil, carro-chefe da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), tem se mostrado uma alternativa cultural e informativa para muitas pessoas. Ela é a televisão nacional que mais exibe filmes brasileiros, produções independentes e tem uma elogiada programação infantil.
É a única que mantém um programa de crítica de mídia (Observatório da Imprensa) e tem uma janela direta para os telespectadores, por meio do quadro Outro Olhar, em que qualquer cidadão pode ter seu vídeo exibido em horário nobre pelo telejornal da emissora. Também talvez seja um dos únicos canais que privilegia o continente africano, com produções que falam da África e um correspondente de jornalismo na região.
"Quem assiste percebe que ali há um certo oásis na TV”, diz o jornalista e ouvidor-geral da EBC, Laurindo Leal Lalo Filho. Segundo Lalo, as maiores audiências e elogios da TV Brasil vêm dos conteúdos que o telespectador não encontra em outras emissoras. É o caso da programação infantil, que tem os índices de audiência mais elevados da TV. E seguindo a mesma lógica, de ser complementar, que fez com que a empresa começasse a transmitir jogos do campeonato brasileiro da série C este ano.
Jornalismo
Como ainda não é um órgão totalmente autônomo do governo federal, desde o nascimento a EBC tem sofrido críticas de alguns setores sobre sua possível falta de isenção em relação ao Executivo. Mas, concretamente, esses casos não têm chegado à Ouvidoria da empresa. O ouvidor-geral Laurindo Leal afirma que a questão do jornalismo governista não aparece nas reclamações dos telespectadores. “Passamos o período eleitoral sem grandes problemas”, relata.
O maior volume de reclamações que chegam aos ouvidos de Lalo não é referente ao que acontece no país. “O mais problemático é a cobertura internacional. Ela repete muitas vezes as posições das agências internacionais. No jornalismo é a grande reclamação”, sentencia.
No entanto, mesmo que não se transformem em reclamações formais, não é difícil assistir a matérias nos jornais da TV Brasil que têm enfoque quase idêntico aos feitos nos telejornais comerciais. Talvez isso aconteça pela dificuldade dos profissionais da empresa em diferenciar o jornalismo da emissora das televisões estatais e privadas.
É por esse motivo que o Conselho Curador aprovou em junho de 2010 um parecer cobrando que seja produzido um novo manual de jornalismo – em substituição ao Manual da Radiobrás - para guiar todos seus veículos. O prazo para confecção do material se encerra em 15 de junho deste ano. Para auxiliar nessa reflexão, o Conselho Curador também pretende realizar um seminário internacional sobre jornalismo público neste semestre.
O Conselho Curador, que é o órgão que representa a sociedade na EBC, também tem começado a olhar com mais cuidado a programação da TV, fazendo análises mais densas sobre as qualidades e falhas dos conteúdos exibidos. No ano passado, os conselheiros se dividiram em grupos temáticos para tornar a avaliação dos programas mais precisa. Além disso, o Conselho tem contratado acadêmicos para contribuir nesse processo com pesquisas.
Os 15 representantes da sociedade no Conselho são dos poucos que têm acesso aos índices de audiência da TV Brasil, já que a direção da empresa não divulga esses números. Segundo a presidente do Conselho, Ima Vieira, é possível verificar que a audiência cresceu nos últimos três anos, mas ainda é necessário atingir muito mais gente do que se atinge atualmente. “Não podemos desprezar esse indicador, pois embora nossa missão não seja fazer comunicação para todos ao mesmo tempo, não podemos produzir conteúdo para ninguém ver”, avalia Ima.
Participação social
O trabalho do Conselho vai além de monitorar os veículos da EBC. Sua atuação perpassa todos outros setores da empresa e sua existência é um principais elementos que distinguem uma TV pública das privadas e estatais. Para o ouvidor Laurindo Leal, a dinâmica do Conselho tem evoluído. “Hoje ele atua. Tem câmaras setoriais, se reune para discutir temáticas, produz documentos, solicita informações”, elogia Lalo.
De fato, quando foi criado, em 2007, o Conselho era mais fechado. Nem as atas das reuniões eram públicas. Além disso, a primeira gestão, presidida pelo economista Luiz Gonzaga Beluzzo, teve 19 dos seus 22 membros indicados pelo presidente da República. Outros dois pelo Congresso e um pelos trabalhadores da EBC.
Em 2009, quando o mandato de alguns conselheiros se encerrou, o processo de escolha foi um pouco diferente. Foram abertas indicações feitas pela sociedade para que o presidente Lula definisse os nomes. Mesmo assim, essas indicações ainda passaram pelo filtro do Conselho e pela escolha do presidente.
Se depender da posição da presidente do órgão, é possível que a próxima eleição de conselheiros seja ainda mais aberta à sociedade. “Acredito que é possível discutir mecanismos que garantam uma participação mais direta da sociedade na escolha e nomeação dos próximos conselheiros”, opinou Ima Vieira.
Para Ima, o Conselho também deve permear mais as decisões da EBC. Ela também defende que os responsáveis pelas diretorias diretamente ligadas ao conteúdo deveriam ser aprovados ou no mínimo referendados pelo órgão, já que é ele o responsável por zelar pela área finalística da empresa.
Além de garantir a autonomia e a independência do Conselho Curador existem outras maneiras de aumentar a incidência da população nos rumos da EBC. Uma delas é a realização de audiências públicas. Outra é o fortalecimento da Ouvidoria da empresa que, além do ouvidor-geral, conta com três ouvidores-adjuntos: um para a Agência Brasil, um para as oito rádios da EBC e outro para a TV Brasil.
Na Agência Brasil existe um canal em que o leitor pode postar seu comentário. Da mesma forma existe um programa que debate as reclamações e sugestões dos ouvintes das rádios. Apenas a TV ainda não conta com um espaço público para a Ouvidoria. A promessa desse programa é antiga e, segundo Lalo, ele só ainda não foi ao ar por falta de condições operacionais. “Já tem até material gravado. Estamos dependendo de acertos finais”, garantiu. Ele terá 15 minutos de duração e será exibido semanalmente."
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
A deusa nua da cidade
Oba!!! Bem vindos à primeira postagem de 2011!
Recentemente anunciei neste blog o lançamento do primeiro livro de um promissor talento literário ainda, infelizmente, desconhecido. Trata-se de Sete, livro de contos escrito por Orlando de Melo, um estimado e talentoso primo meu. Aliás, uma feliz coincidência. Pode parecer suspeito, mas o livro realmente é muito interessante, ou melhor, ouso dizer, o livro é de excelente qualidade literária.
Logo de início há um conto impactante, meio a Edgar Alan Poe, intitulado “A horda dos lobos da floresta negra”. Porém, não vou comentar todos os contos de imediato, e vou me ater apenas ao terceiro conto do livro, “A deusa nua da cidade. Fiquei extasiado com a leitura! Um conto curto e preciso; conciso e profundo.
Por meio de metáforas, o autor nos remete à sordidez e ao caos que a urbanidade proporciona. Na obra, Orlando de Melo parece nos dizer que a deusa nua é a própria cidade, que devora e é devorada. A cidade/sociedade devora sua gente, dissolvida na solidão e luxúria, e é por essa gente devorada, pela miséria social e pela decadência moral. A escrita do autor nos conduz - inebriantes e desejosos – através de sílabas poéticas, narrativas e metafóricas. Ao descrever seu personagem, impregna-o de pureza e lirismo ao precisar que ela “só vestiu seus olhos e foi andar nas ruas”. O movimento nervoso pode ser percebido em trechos nos quais, por exemplo, há referência ao metrô, descrito como “gigantescas serpentes metálicas”. A poesia contida na prece final, mesmo que pecando na métrica, está impregnada de paixão poética.
O conto “A deusa nua da cidade” é um pequeno exemplo e apenas um aperitivo para provar os instigantes textos que compões a obra “Sete”. Para tanto, basta apreciar com vontade o livro inteiro.
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