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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Alimentação através dos tempos - parte 2
Mireille Corbier é exemplo de pesquisadora cuja metodologia procura esta abordagem interdisciplinar e cujo objeto de pesquisa é a questão cultural, em todas as suas implicações (cf. LEACH: 1986). Diretora de pesquisa do Centre Nacional de Recherche Scientifique, Corbier produziu um texto muito interessante na obra compilada por Flandrin e Montanari, no qual a autora investiga os hábitos alimentares da Antiga sociedade romana. Pesquisadora no campo da História ela está, portanto, preocupada em investigar a complexidade de uma sociedade, no caso a Roma Antiga, observando seus hábitos alimentares e seu comportamento social: “Dize-me o que comes [e com quem comes,] e dir-te-ei quem és” (cf. BUSTAMANTE: 2003, p. 95). Corbier procura entender as diversas hierarquias sociais daquela sociedade a partir de seus hábitos e necessidades alimentares. A autora demonstra que os romanos foram adquirindo tais hábitos e necessidades conforme a expansão do território e os contatos culturais com outros povos. Temos, portanto, uma hierarquia dos alimentos que fora construída ao longo dos tempos. Os romanos, de simples “comedores de fava”, passaram a adquirir costumes cada vez mais diversificados e sofisticados. Daí, como afirma a autora, uma diferenciação social na ingestão dos alimentos: a comida do aristocrata não era a mesma do soldado, que não era a mesma do escravo, a qual era diferente da do camponês, etc., e mesmo no interior das próprias camadas sociais, os alimentos variavam entre si, dependendo da região, da ocasião, das oportunidades, e inúmeros outros fatores. Corbier descreve em seu texto todo o percurso feito pelos alimentos, do produtor ao consumidor. Neste aspecto, a autora enfatiza primeiramente a característica mediterrânea da alimentação romana, associada a cereais, vinho, óleo, legumes e frutas secas ou frescas, açúcar de frutas, mel, leite, queijo, carne e peixes (CORBIER: 1998, p. 219-220); a autora rejeita a idéia de que os romanos só comiam carne proveniente de sacrifícios e da caça, e mostra como que, com o tempo, a carne passou a fazer parte do cardápio romano.
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