sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Alimentação através dos tempos - parte 3


Outro ponto investigado por Corbier é o acesso aos alimentos no que diz respeito a “frumentária”, às doações e aos presentes, ao consumo de produção própria, ao mercado, ao gradativo abismo alimentar entre ricos e pobres com o passar dos tempos, à hierarquia social no comer, etc. Investiga também os modos de preparação; as qualidades, quantidades e partes; os temperos; o acesso desigual aos alimentos quentes; as infra-estruturas; os espaços e os lugares convivais. A pesquisadora afirma que o ideal de frugalidade era pouco respeitado; as proibições eram poucas, todavia, deveria haver moderação; às elites, por exemplo, era recomendável certo número de condutas, as quais restringiriam um pouco os excessos destas elites. As restrições aos soldados com relação aos pratos quentes eram dribladas pelo cozimento de seus próprios alimentos ou pela compra a vendedores ambulantes. O povo não tinha o banquete para as comensalidades domésticas e nem acesso a pratos quentes. Porém, em compensação a essas deficiências, freqüentava lugares onde podiam saborear os pratos (quentes) em companhia dos amigos: “Taberna e popina ilustram as possibilidades de uma desforra para recuperar o acesso aos valores dos quais o povo está excluído, principalmente a sociabilidade” (CORBIER: op.cit., p. 234). Os ricos, por sua vez, além de, não raramente, quebrarem as regras do ideal de frugalidade, muitas vezes eram vistos misturados a gentalha por prazer ou por necessidade. Como podemos perceber, segundo a autora, as práticas alimentares, muitas vezes, transgrediam as hierarquias sociais. Desse modo, a sociedade romana foi profundamente transformada pela importância crescente da moeda e pelo aumento espetacular das receitas, sendo que estas transformações foram percebidas na mudança em seus hábitos sociais, inclusive alimentares.

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