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domingo, 5 de abril de 2009
Obama é o cara! Será que é mesmo?
Parece-me, sinceramente, que o título que o Kennedy Alencar deu para o seu artigo foi, digamos assim, uma espécie de salvaguarda para não aborrecer aos seus patrões. Um protetor de fiofó, eu diria. Afinal de contas, convenhamos, Obama ainda nada fez, ou, na melhor das hipóteses, sequer teve tempo para mostrar, concretamente, tudo aquilo que prometeu em campanha e, que aparentemente ele está disposto a fazer. Poderíamos até dizer, então, que ele ainda estaria na fase da "espuma", termo este bastante recorrente nas análises dos agourentos de plantão.
Ao contrário de Obama, Lula muito já fez, como o próprio Kennedy reconhece e faz ressaltar em seu artigo. (mas os destaques são por minha conta)
Devemos, então, perguntar ao Kennedy Alencar:
- Por que o Obama é o cara?
Obama é o cara
04/04/2009
O encontro do G-20 em Londres foi muito positivo para o Brasil, um dos países que mais brigaram para que o G-8 fosse ampliado e passasse a dar ouvidos a economias emergentes antes ignoradas.
O G-20 reúne as 20 maiores economias --responsáveis por cerca de 80% da produção planetária. O G-8 é o grupo dos sete países mais industrializados mais a Rússia, uma potência militar de peso.
É inegável o mérito da política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sentido de pressionar os países mais ricos a levar em conta o que pensam as nações em desenvolvimento e as mais pobres.
Lula abandonou a retórica do coitadinho. Mesmo sofrendo críticas internas de mania de grandeza, agiu como líder de um país de peso, com concessões aos mais pobres e críticas aos mais ricos.
Os exemplos são muitos. Há a missão brasileira no Haiti a serviço da ONU (Organização das Nações Unidas). O Brasil estreitou laços com países africanos e árabes. Assumiu posições ousadas nas negociações da emperrada rodada Doha. Não adotou tom imperialista com a Bolívia. Mediou com maturidade o esquerdismo infantil de Hugo Chávez, mas também soube reconhecer méritos do governo venezuelano e apontar equívocos dos EUA.
Juntando tudo isso, não é pouca coisa.
Os elogios de Barack Obama a Lula foram reconhecimento da maior importância que o Brasil ganhou nos últimos anos.
No Brasil, as leituras do vídeo em que Obama chama Lula de "meu chapa" foram do ufanismo ao desprezo. Ora, o homem mais poderoso do planeta, um craque em marketing como Lula, sabe muito bem o peso das palavras e das imagens.
Para Obama, Lula "é o cara" que será um parceiro importante para a política externa de Washington na América Latina e nos grandes fóruns mundiais, como ONU e G-20.
Corretamente, bastante já foi dito sobre Obama ser o primeiro presidente americano a não se relacionar com o resto do mundo com aquele ar de imperador romano. Os sinais cordiais para as nações islâmicas, a abertura para se relacionar com Cuba e o evidente gesto de apreço por Lula mostram que ele pode, sim, liderar uma mudança positiva no planeta.
Dá esperança de que um outro mundo é realmente possível. E vale a pena torcer por isso, sem ingenuidade e ciente de que grandes transformações podem levar tempo. Mais: os desafios do presidente americano são enormes, da crise econômica mundial a duas guerras complicadas. Apesar do necessário ceticismo em relação à capacidade de uma pessoa fazer a diferença, Obama é o cara certo no lugar certo na hora certa.
fonte: Língua de Trapo
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