Enviado pelo Prof. Doutor Paulo Martins (USP):
Subject: Estelionato no Brasil e Paul Veyne
Engodo Editorial ou Estelionato Acadêmico ou simplesmente uma vergonha por enganado?
Paul Veyne é o historiador que melhor trata da Antiguidade. Seus textos são deliciosos, sofisticados, sutis, irônicos, saborosos, precisos, enfim, riquíssimos tanto na forma, como no conteúdo. O historiador francês de 79 anos é um dos principais especialistas em Antigüidade e professor emérito do prestigiado Collège de France, onde lecionou de 1975 a 1998, na cadeira de História de Roma.
Entre os textos de sua vasta obra, temos: Comment on écrit l'histoire : essai d'épistémologie , Le Seuil, 1970; Le pain et le cirque , Le Seuil, 1976; L'inventaire des différences , Le Seuil, 1976; Les Grecs ont-ils cru à leurs mythes ? , Le Seuil, 1983; L'élégie érotique romaine , Le Seuil, 1983; Histoire de la vie privée, vol. I , Le Seuil, 1987; La société romaine , Le Seuil, 1991; Sexe et pouvoir à Rome , Tallandier, 2005 e L'empire gréco-romain , Le Seuil, 2005.
Nós, tupiniquins, entretanto, em língua vernácula, temos acesso direto, salvo engano, a apenas alguns desses escritos. Lembro-me de: O inventário das diferenças ; Como se escreve a história ; Acreditavam os gregos em seus mitos? ; A elegia erótica romana ; História da vida privada volume I e O Império greco-romano . É desse último que pretendo tratar.
Esperado por aqueles que se interessam por História Romana com ansiedade, o livro em si, como não poderia deixar de ser, é magnífico. Trata de um mito acadêmico, a separação das cadeiras das disciplinas de grego e latim dentro da universidade francesa que, natural e obviamente, ab ouo , repercute no Brasil: a distinção e oposição entre Grécia e Roma. Daí, a ficção é desmitificada por Veyne. Vale-se da questão linguistica, das representações, da cultura material que se estendia do Afeganistão à Escócia. Desnuda a dicotomia e, por fim, comprova que Grécia e Roma são reverso e obverso da mesma moeda. Assim, o livro vale ser lido.
A questão que se coloca, entretanto, é outra. Não depende da capacidade de Veyne, antes, daqueles que detêm o direito de publicação sobre essa obra no Brasil: a editora Campus, ou melhor, a editora engodo, a editora farsa, ou melhor, bufa, bazófia.
Quando vamos às livrarias, temos a nítida sensação de que estamos sendo ROUBADOS. O livro custa nada menos que R$ 179,00. Mas isso não é nada, afinal estamos diante de um Clássico. Pagamos! O livro é uma brochura com 20 páginas de "miolo" em papel cuchê leve - leia-se barato-, com imagens monocromáticas (preto e branco). Algo que no máximo valeria R$ 70,00. Mas tudo bem, é Veyne! Após lermos o prólogo ilucidativo e um prólogo esclarecedor, estamos diante do primeiro capítulo em cujo título há uma nota de pé de página: "As notas de referência desta obra estão disponíveis no site da editora: [7]www.campus.com.br . Que loucura, não estou lendo isso! É engano! Que nada, é verdade!
Vamos então ao site da famosa editora francesa Editions du Seuil ([8]www.editionsdusueil.fr ) e vemos que a edição francesa tem 878 páginas contra as 448 da nacional/tupiniquim . Mas e o preço!? Que nada, o preço da francesa é 25 euros, contra 61 euros da nacional (supondo o euro a R$ 2,9) com 430 páginas a menos. Contudo o roubo não para aí, as notas que a editora se propõe a dispor, não estão no site. Pobre Veyne! Pobre Brasil! O que fazer?
1) NÃO COMPRAR O LIVRO
2) IR AO PROCOM DE SUA CIDADE.
Texto enviado por minha colega historiadora Carmen Martins para historiaufrj2003.yahoogrupos.com.br
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