Hoje, terça-feira,31 de março, o Brasil recorda 45 anos desde que os militares tomaram o poder no país e implantaram um regime ditatorial que durou duas décadas inteiras. Período em que a nação beijou a lona, pessoas de bem tiveram que optar entre ir para o exílio ou ficar à mercê da baioneta.
Imprescindível, entretanto, é analisar um movimento tão rasteiro quanto o governdo dos generais que, nos bastidores, ganha fôlego. Na contramão da história, forças retrógradas ainda tentam impedir que a nação encare o passado de frente e puna os reponsáveis pelas atrocidades cometidas de 1964 a 1984. Grandes e influentes veículos de comunicação - Veja e Folha de S. Paulo, por exemplo - são usados para desmerecer o que, na América do Sul mesmo, já encontra espaço no campo real dos fatos. A Argentina tornou sem efeito a Justiça Penal Militar, que amparava os assassinos de farda atuantes de 1976 a 1983. Agora, eles serão julgados pela justiça civil comum. Enquanto que, no Uruguai, os parlamentares acabaram com a Lei da Caducidade, que anistiava militares e policiais acusados de violação aos direitos humanos.
A revista Veja ridicularizou a tentativa dos ministros da Justiça, Tarso Genro, e dos Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vanuci, de abrir arquivos secretos da ditadura que oficialmente teriam sido queimados. E a Folha de S. Paulo veiculou polêmico editorial em que classifica o regime da baioneta brasileiro de "ditabranda", se comparado com outros semelhantes. Na esteira da discussão certamente está a Lei da Anistia que, diga-se de passagem, até hoje, apesar de algumas tentativas tímidas de dar continuidade a ela, ainda carrega sobre si um criminoso sentido dúbio: assim como os acusados de crimes políticos, também os representantes do Estado, autores de qualquer violência política, estavam automaticamente perdoados. O desejo é evitar uma suposta "caça às bruxas".
Enquanto o Brasil resistir à urgência de passar a limpo esse terrível episódio de sua história, seus mortos não descansarão em paz e tampouco as gerações futuras poderão orgulhar-se de uma pátria que sequer teve a dignidade, e coragem, de enfrentar os fantasmas de farda. Tudo porque institucionalizou a impunidade.
Que esse 31 de março sirva para todos colocarem a mão na consciência. Que as escolas e as universidades jamais se esqueçam de ensinar aos jovens que a democracia usurpada transforma o povo em pura massa de manobra. Daí a necessidade de lembrar, lembrar e lembrar de tudo que aconteceu. Das torturas covardes ocorridas nos porões. Só assim será possível criar neles um sentimento crítico e de alerta, antído eficaz para que nunca mais os generais saiam dos quartéis e sintam que podem gerir com competência a coisa pública.
Não que a democracia surgida após a ditadura tenha honrado a luta dos que resistiram bravamente à linha-dura do quepe. Os escândalos de todos os tipos - econômicos, financeiros e políticos - estão aí para envergonhar os cidadãos dígnos. Mas ainda assim, a liberdade democrática é melhor do que a opressão. Cuidado com o revisionismo histórico travestido da intenção de sepultar o passado criminoso. Foto aldoadv
Cá entre nós, o golpe foi dia 1 de abril, mas oficialmente foi na véspera porque não pegava muito bem derrubar o Jango no dia da mentira. A Folha de S.Paulo é um jornal arrogante e prepotente, distorce dados e manipula informações.
ResponderExcluirA tendência é cada vez mais pessoas "desculparem" a ditadura, pois elas não viveram nessa época, não souberam o que é a repressão e a falta de direitos.
Esta ditadura vagabunda não passou de uma farsa. E como qualquer farsante, não teve coragem de admitir sua fraude!
ResponderExcluir